Em 1974, Márcio Eduardo Barone Brandão fazia parte do Grupo Socorrista Razin que realizava um trabalho social junto a uma favela na Vila Olímpia destruída por um incêndio. Quando seus moradores foram transferidos para um Núcleo de Desfavelamento da Prefeitura no Jardim Presidente continuaram a ser assistidos por aquele Grupo.
O grupo seguiu realizando trabalhos assistenciais à comunidade recém instalada no bairro, cercado pelas represas Guarapiranga e Billings, chegando a adquirir um lote onde foi instalado um "barracão de madeira" para dar mais conforto aos atendidos e voluntários. Esta iniciativa permitiu o crescimento do número de crianças e famílias.
Maria Rosa Teixeira, amiga da família Brandão, conta sobre a escolha do local e a construção do pequeno barracão que foi desenhado pelo próprio Márcio. "Precisávamos de algo simples. Um lugar para atender as pessoas necessitadas que vinham em busca de ajuda e uma cozinha improvisada onde preparar os lanche. O trabalho com elas seria realizado ao ar livre, com as crianças sentadas no chão ao redor da voluntária que fazia o trabalho de evangelização através da música, contação de histórias e atividades lúdicas".
Foi assim nos primeiros tempos. Caravanas eram organizadas para, aos domingos, chegarem ao local tão distante levando os lanches preparados antecipadamente por generosas voluntárias.
Todos os domingos, às oito horas da manhã, reúnem-se os trabalhadores na sede do Grupo Espírita Razin. São os caravaneiros que, após a devida preparação, partem com os corações cheios de alegria em direção à nossa frente de trabalho no Jardim Iporanga. Cada um leva no íntimo o ideal de servir ao Cristo nos diferentes campos de atuação. Lá as tarefas desenvolvidas dão oportunidade a todos, pois vários são os trabalhos: Escola de Moral Cristã, com distribuição de pão e leite para as crianças, após a aula; curso de gestantes, com distribuição de enxovaizinhos; Samaritano 2 (que é o atendimento dos doentes em suas casas) e visitas aos lares para Evangelização.
Cada seareiro servindo no seu campo de trabalho e no final da tarefa, a volta de todos, com os corações felizes pela boa ação em nome de Jesus.
Você também está convidado a participar. (...)
Texto extraído do jornalzinho LUZ NO CAMINHO, órgão informativo do Grupo Espírita Razin (SP fevereiro de 1976).
Nestes tempos também eram realizados atendimentos nas residências de doentes e necessitados da comunidade. Marcio, que era conhecido como o "tio do Chevette", continuava prestando assistência às famílias e era comum vê-lo nas casas improvisadas conversando com as pessoas e ajudando na limpeza e organização.
Os atendimentos seguiram crescendo até em 1978, quando ocorre o falecimento de Márcio. Seu pai, Oswaldo Brandão, tomou a si a responsabilidade de continuar a obra iniciada pelo filho. O primeiro passo seria a construção de um prédio no lugar do pequeno barracão. O objetivo era otimizar a assistência prestada, estendendo-a a todo bairro, bastante carente. Foram utilizados como primeiros recursos os bens deixados pelo Marcio. O restante do dinheiro necessário foi doado por amigos de Brandão, à época prestigiado técnico de futebol.
A ênfase inicial foi dada às aulas de Moral Cristã e Evangelização que ficava a cargo da Regina Brandão, irmã do Marcio. Logo ela percebeu que havia necessidade de ter alguém que conhecesse a comunidade e estivesse presente no dia a dia da Fundação. Identificou em uma das moradoras da região, Liduína Rodrigues, o potencial para fazer essa ponte. Liduína que permaneceria na Fundação até a sua morte, em 2014, foi extremamente atuante e peça fundamental nos muito projetos que foram sendo implementados no decorrer dos anos.
Em 1986 foi oficializada a criação da Fundação Márcio Eduardo Barone Brandão, declarada de Utilidade Pública em 1988 (dec. nº 96.747/88).
A partir de 1989 a Fundação foca suas atividades, que até então possuíam caráter mais assistencialista, na área de Educação, dando enfoque ao desenvolvimento global do ser humano e sua integração na sociedade. O tema cidadania domina a interação com o público atendido pelos programas sociais.
Já em 1990 inicia-se a aplicação de programas de alfabetização pré-escolar, atendendo crianças na faixa etária de quatro a seis anos. O objetivo era ingressarem no ensino fundamental já alfabetizadas.
Entre 1993 e 1994 foi desenvolvida uma parceria o Rotary Clube através do CAMP - Centro de Amigos do Menor Patrulheiro. Foram desenvolvidos cursos modulares trimestrais de preparação para o mercado de trabalho. Este projeto beneficiou um número superior a 50 jovens na faixa de dezesseis a vinte e um anos, inserindo-os em estágios remunerados.
Entre os anos de 1994 e 2000 foram desenvolvidas atividades de medicina preventiva com o apoio da UNISA - Universidade Santo Amaro. O programa foi desenvolvido dentro da disciplina de OPS - Clinica de Prevenção Odontológica, envolvendo os alunos universitários daquela instituição de ensino.
Além de estimular a cidadania entre os universitários, o programa promoveu uma expressiva melhoria na saúde bucal dos alunos da FMB e suas famílias. Obteve-se uma redução de 100% na incidência de cáries nos alunos e crianças da comunidade atendidos no decorrer do programa. Mais de 700 crianças foram atendidas pelas atividades semanais desenvolvidas: palestras com temática preventiva e orientações individuais.
Neste mesmo período teve início a frutífera parceria da FMB com a Ação Comunitária (www.acomunitaria.org.br), que promoveu a disseminação de novas metodologias de ensino, beneficiando educadores, lideranças comunitárias e voluntárias.
Os seguintes projetos foram desenvolvidos entre os anos de 1995 e 2006:
Estes projetos atenderam uma ampla faixa etária, com mais de 1000 assistidos com idade variando de quatro a vinte e um anos, além de suas famílias.
A parceria estendeu-se até o final de 2006, quando houve uma reformulação no perfil de público assistido pela Fundação Márcio Brandão, em linha com as mudanças nas políticas públicas de educação, que alterou a idade de entrada das crianças na Educação Infantil. Nesta fase a ênfase foi dada para o trabalho de Reforço Escolar para alunos do estudo fundamental.
Em 2007, com o apoio da empresa Ultracom foi lançado o website da Fundação (www.fundacaomarciobrandao.org.br) e com ele o programa de Apadrinhamento de Alunos.
Com as doações arrecadadas, nos anos de 2007 a 2008, os seguintes projetos foram desenvolvidos:
Em 2008 a Fundação passa a receber doações semanais perenes de frutas e verduras da MAXIS Alimentos, potencializando o projeto Refeitório de A a Z.
Estamos felizes em comunicar que a partir do dia 8 de agosto começamos a receber da Maxis Alimentos a doação semanal de 80 kg de alimentos (frutas, hortaliças, legumes, ovos...) de ótima qualidade e entregues na nossa porta! Com isto o cardápio oferecido às crianças está ainda mais diversificado e nutritivo... e também mais saboroso! Nosso muito obrigado ao novo parceiro: MAXIS Alimentos.
Em 2009 registra-se a participação no "Bazar do Bem Possível", realizando anualmente no Clube Pinheiros.
Em 2010, são realizados diversos eventos de arrecadação de fundos para custeio dos projetos iniciados em 2007, se destacando a "Campanha Páscoa", "Noite Pizza" e a "Gincana Solidária", esta última promovida pelo Hospital Geral de Pedreira. Em abril deste mesmo ano têm início uma importante parceria da Fundação com o grupo "GE Volunteers", que perdura até os dias atuais.
Entre as grandes contribuições deste grupo podemos destacar o consagrado "Projeto Bumerangue", que promove a comunicação escrita através da troca de correspondências entre crianças e voluntários da GE que, além de gerar um vínculo positivo, abre novas perspectivas de futuro profissional para as crianças.
O projeto "Bumerangue" se desdobrou em festas em datas comemorativas envolvendo crianças e voluntários (Páscoa, Natal e Festa Junina), além da conquista de prêmios em espécie oferecidos pela matriz da GE.
Em 2011 se inicia a relação da Fundação com um grupo de voluntários de outra grande empresa, a corretora de seguros Aon, que ganhou velocidade com a realização de uma Festa Julina Beneficente desta empresa.
A festa foi um grande sucesso, perdurando até os dias atuais, e arrecadou fundos suficientes para uma reforma importante na sede da Fundação, incluindo a construção de uma quadra esportiva, novos banheiros e a cobertura de uma área para reuniões e refeições das crianças.
Entre 2012 e 2013 destaca-se a execução do projeto "Bem Vindos ao Rugby", impulsionado pela participação da seleção de Rúgbi do Brasil nas Olimpíadas realizadas no país. O projeto foi conduzido em parceria com o Clube Atlético São Paulo - SPAC, organização fundada em 1888 por Ingleses que vieram ao Brasil trabalhar na construção de vias férreas.
O primeiro time de rúgbi de São Paulo foi formado no SPAC em 1895. O clube é o maior ganhador de títulos brasileiros de rúgbi de todos os tempos, 12 no total. A sede de campo do SPCA fica a 15 minutos da sede da Fundação.
Destaca-se ainda a instalação em 2013 de uma Sala de Informática com equipamentos desmobilizados pela Aon, o que propiciou a realização do projeto de "Inclusão Digital". O relacionamento com os voluntários, que acabaram por se reunir sob o Instituto Aon, seguiu até 2016 com doações em espécie para ajuda de custo a educadores voluntários.
Entre 2015 e 2016 foi retomada a grade de projetos vigente entre 2007 e 2008, sendo ainda destaques a Ação de Voluntariado Genworth's em junho de 2015 e o "Projeto Natal 2015" que arrecadou um montante significativo, o que permitiu uma extensa reforma das instalações elétricas e hidráulicas da Fundação.
Em 2016 a Fundação Márcio Brandão comemorou 40 anos de serviços prestados à comunidade do Jardim Presidente, ano que também ficou marcado pela atualização do Estatuto Social ao novo ordenamento do Código Civil e por uma reunião da nova diretoria com Excelentíssimo Promotor Airton Graziolli.
Em 2017 é lançada a "Escola de Pais" e o projeto "Amigos do Zippy". A "Escola de Pais e de Paz" reforça a relação de parceria com os pais e responsáveis propiciando integração, colaboração e a participação dos mesmos em eventos, reuniões e cursos destinados a comunidade em geral.
O projeto "Amigos do Zippy" visa contribuir com ações que estimulem o pleno desenvolvimento das crianças, onde a ênfase está nas relações interpessoais e no desenvolvimento de habilidades que contribuem com o desenvolvimento da autonomia, autoestima, cooperação e relacionamentos.
O biênio de 2017 e 2018 é marcado por uma intensa ação de documentação e interação com órgãos públicos e reguladores com o objetivo da inscrição da Fundação Márcio Brandão no FUNCAD e seu reconhecimento como OSCIP. Para tal a Fundação contou com apoio institucional e consultivo da Machado Meyer Advogados.
Destaca-se em 2018 a realização de uma ação de sucesso de Financiamento Coletivo que angariou fundos para o desenvolvimento do "novo site" da Fundação e a renovação do seu logotipo, este último gentilmente doado pelo profissional Alexandre Suiguimoto.
Com seu histórico correto e transparente, a Fundação foi autorizada a participar do FUMCAD (Fundo Municipal para a Criança e Adolescente), e assim possibilitar que pessoas físicas possam fazer doações com deduções de até 6% de seu imposto devido anualmente.
Outro ponto importante é o resgate da história da Fundação e seu vínculo com o esporte. Um evento beneficente, realizado no clube Paineiras do Morumby, contou com uma noite de autógrafos do livro do "mestre" Oswaldo Brandão e leilão de camisas de times de futebol autografadas - ambos com lucros revertidos para a Fundação.
Oswaldo Brandão, um dos treinadores de futebol mais famosos do futebol brasileiro, morreu no dia 29 de julho de 1989, em São Paulo (SP).
Casado com Dona Luiza Barone Brandão, pai de Regina e Márcio. Brandão fez sucesso dirigindo grandes equipes brasileiras. Colecionou títulos pelo trio de ferro paulista: Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Nascido em Taquara (RS), Oswaldo Brandão chegou a atuar como jogador de futebol. Ele defendeu o Palmeiras, que ainda se chamava Palestra Itália, de 1942 a 1946. Uma contusão fez com que ele pendurasse as chuteiras.
Em 1947 iniciou sua carreira de técnico, obtendo o título de campeão para o time de juniores do Palmeiras.
Foi técnico do Corinthians no ano do IV Centenário de São Paulo (1954) quando este conquistou o campeonato paulista e novamente em 1977 quando conquistou o campeonato após 22 anos.
Além do Corinthians foi técnico e campeão pelos principais times paulistas: São Paulo, Palmeiras, Portuguesa e Santos.
Foi campeão, também, pelo Independiente da Argentina e Peñarol do Uruguai. Venceu diversos campeonatos internacionais, nos Estados Unidos e na América Latina.
Brandão na Seleção: Técnico de ponta do futebol brasileiro, o carismático Brandão teve algumas oportunidades de dirigir a seleção brasileira. A estreia aconteceu contra o Paraguai, no dia 17 de novembro de 1955.
Naquele dia, o Brasil só empatou por 3 a 3. Ao todo, foram 40 partidas como treinador do time canarinho (27 vitórias, sete empates e seis derrotas). Em 1977, ele deixou o cargo após o empate com a Colômbia, em jogo válido pelas Eliminatórias.
O Márcio era um amigo muito querido e quando faleceu, em 1978, o Paulo (meu marido) e eu nos aproximamos muito da sua família mais próxima. Sr. Brandão, dona Luiza e a Regina que se tornou uma irmã para mim e acabou sendo madrinha da nossa filha mais velha, Flavia.
Era natural que, com o tempo, acabássemos nos envolvendo com o projeto do que viria a se tornar a Fundação. No início era uma forma da família prosseguir com a atividade espiritual do Márcio. O prédio novo já existia e no início nosso trabalho era arrecadar dinheiro para mantê-lo funcionando e pagar as professoras pois as atividades da pré-escola já estavam implantadas. Além disso, havia a Moral Cristã aos sábados e o atendimento às gestantes. Assim, o Paulo e eu, ficamos conhecendo os amigos do senhor Brandão, extremamente dedicados a ele, que colaboravam com essa ideia. Junto com eles organizávamos jantares e outras atividades em prol da arrecadação necessária.
Com exceção da Regina que ministrava as aulas de moral Cristã aos sábados, todos os outros- inclusive eu- não participávamos do "dia a dia" dos trabalhos. Esse distanciamento não facilitava o entrosamento com as pessoas atendidas e não nos dava uma noção correta do que seria melhor fazer. Por essa época, a Regina já tinha elegido uma moradora da região- Liduina Rodrigues- para ser a "ponte"entre nós e a comunidade.
Percebi que era importante formar pessoas interessadas em trabalhar ativamente no local e isso, acreditava eu (considerando a forte vocação espiritual dos primórdios da Fundação) deveria ser feito através de atividades espirituais, como aulas, palestras sobre o Evangelho, atendimento aos assistidos. Em 1988 eu frequentava o curso de Aprendizes do Evangelho no CEIX e ao falar com o expositor sobre o assunto tive a grata surpresa de vê-lo, não só apoiando o meu projeto, como se propondo a trabalhar nele comigo. Foi assim que, durante 7 anos, uma caravana de voluntários, liderados pelo Sr. Stamathios Phillipoussis, percorria o caminho do bairro da Saúde até a Capela do Socorro. Eu me dispus a servir de motorista e gastava, cada quinta-feira, 2hs para buscar as pessoas e mais 2h para levá-las de volta. Para mim, poder conversar com o Sr. Stamathios durante o trajeto de 4 hs, era um privilégio.
Em 1993, 4 anos após o falecimento do Sr. Brandão, durante uma reunião da diretoria a Regina anunciou a decisão da família Brandão de afastar-se das atividades da Fundação. Deixou-nos livres para acompanhá-la. Optamos por prosseguir com o trabalho e acabei sendo eleita presidente, cargo que mantive por mais um mandato.
Como nunca contamos com nenhuma ajuda oficial do governo, manter a Fundação sempre exigiu muito esforço e criatividade. Por algum tempo tínhamos cadastradas pessoas que contribuíam com o valor que pudessem mensalmente. Minha amiga Maria Lucia era campeã em angariar ajuda nessa parte. Havia os "pechinchões" aos domingos que exigiam um trabalho hercúleo das voluntárias e atraiam multidões de pessoas da comunidade. As noites da pizza eram organizadas com muita antecedência e envolviam o trabalho de muitas pessoas. A nossa primeira participação na Feira do Bem no Clube Pinheiros foi memorável.
Ficamos com a barraca das comidas. Minha prima Lucinha e eu nos aventuramos no preparo do que iria ser servido. Passamos o final de semana varando a noite na produção de lasanhas, nhoques e mousses de maracujá. Audaciosamente não só cozinhamos como embalamos os alimentos, vendemos e servimos na própria feira. Foi um recorde de vendas! Havia também as feijoadas servidas no salão da própria Fundação e vendidas para quem quisesse levar para casa. Um voluntário muito competente (infelizmente não lembro o nome dele) fazia o preparo na cozinha da Fundação.
Aliás a cozinha merece um parágrafo a parte. Foi uma vitória quando, depois de diversas tentativas, conseguimos implantar além do lanche o almoço para as crianças! Para muitas era a refeição principal do dia. O fogão industrial era nosso orgulho e, depois de inscrevermos a Fundação em uma entidade, conseguimos ganhar uma segunda geladeira. Os mantimentos eram obtidos a muito custo com a Liduína lutando pela doação de verduras e frutas já bem "passadas" em super mercados e no Ceasa (para isso tinha que conseguir também um voluntário com carro).
Quando a Lucinha conseguiu uma doação semanal de alimentos frescos foi uma festa para as crianças que, devidamente paramentadas com toucas e luvas, participaram orgulhosamente do recebimento e separação da primeira leva.
Acompanhei as atividades da pré-escola, a parceria com a Ação Comunitária, a implantação de outros trabalhos como o Jovem Aprendiz em conjunto com o Rotary. Fiz palestras, dei aulas para gestantes, reuniões com os pais, redigi um jornalzinho, fiz atendimento gratuito de florais de Bach para as crianças e pais. Participei das festas juninas, preparação das sacolas de Natal para as crianças, formaturas do pré e tantas outras festas. Representando a Fundação estive em reuniões e atividades em muitos lugares e lembro, com orgulho, quando a Fundação foi citada pelo promotor responsável pelas Fundações junto ao Ministério Público, como exemplo de honestidade e lisura.
No total estive envolvida na Fundação por cerca de 20 anos. Conheci pessoas incríveis e dedicadas. Além da Liduína e da Rose, que se transformaram na alma da Fundação, tivemos a Nair, a Elza, a Irene e inúmeras voluntárias da região. Minha tia Lucia, minha mãe Leonor que me acompanhavam às quintas-feiras. A Sueli e o Pill. Pessoas do grupo Razin como a Sonia e a Janete que continua por lá até hoje e a dedicada Ovídia que esteve trabalhando desde o início da Fundação até a sua morte. Vi as crianças que se lembravam do Márcio como o "tio do Chevette" terem seus próprios filhos. Vi as crianças que participavam das aulas crescerem e algumas delas como o Sandoval e a Ivete fazerem cursos superiores e, por sua vez, retribuírem à Fundação em dobro o que receberam.
Os anos se passaram com minhas filhas crescendo sob a sombra do trabalho que realizava por lá. Então chegou o dia em que senti que meu tempo também terminara. O Paulo continuou depois de mim. E tive a alegria de ver meu sobrinho prosseguir com o trabalho de forma ativa e renovada. A Fundação sempre estará em minha vida e nas minhas lembranças, assim como todos que permitiram que ela sobrevivesse e continuasse crescendo. Gratidão a todos que contribuírem para atender aos ideais formulados à época em que o Márcio rabiscou em um pedaço de papel o projeto do pequeno barracão de madeira que daria origem a tudo. Bênçãos a todos que estão ou estiveram de alguma forma por lá durante esses anos todos.